A Cruz


Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
Efésios 5 - 25, 26 e 27.


Jesus não fez menos do que morrer por sua igreja. Por que eu deveria me dar ao luxo de esperar apenas bênçãos no meu casamento? Jesus carregou sua cruz, e isso não foi fácil. A dor, o cansaço, as agressões físicas e morais que ele suportou por nós, sua igreja, não me deixam dúvidas; o casamento pode ser muito doloroso.

Eu amo minha esposa, e eu prometo amá-la completa e intensamente até o fim dos meus dias. Eu não acho que isso vai ser fácil. Eu espero em Deus o calor e o carinho do seio de uma família crente nEle, que oferece proteção e risadas. Mas eu sei que vamos enfrentar tempestades. Não me refiro à tempestade que criamos para cruzar a França de bicicleta. Aquilo não foi nada... Estávamos nos divertindo. Antes, estou me referindo a provações de terror intenso. Ninguém sabe em que momento do ano um de nós vai descobrir que sofre de uma doença grave, ou vai ser atropelado por um ônibus. Não sabemos se o avião vai cair, ou se o trem vai colidir com outro por falha humana. Não temos meios de prever se um dos nossos filhos vai nascer deficiente, ou não vai chegar à idade escolar, ou o que for. O pensamento trágico não aumenta nem diminue estes riscos. Algo muito ruim que eu não imaginei ainda pode acontecer. Nada é certo. Nada além do amor.
O que quer que aconteça, eu estarei pronto a amar minha esposa. Isso é público. O "sim" foi público. Os votos lidos foram lidos em público. Isso não é segredo. A reafirmação desse amor não é notícia, não há novidade aqui. A reafirmação desse amor é explicação. Cristo amou a igreja. Cristo morreu pela igreja. Eu amo Cecília. Quem garante que eu não vou morrer por ela? Quem? Deus? Ele, que viu sua criança imolada, seria o último a afirmar isso. Eu escolhi morrer por ela, a menos que isso não seja necessário.
Respeitá-la, cuidar dela, criar seus filhos no amor e na graça do Evangelho, claro, claro, tudo isso, mas, por cima de tudo isso, caso seja preciso, se deixar sacrificar em seu lugar. Essa é a expressão máxima de meu amor. A triste e macabra realidade do amor matrimonial do marido é essa; a possibilidade de uma morte precosse em função da esposa.
O que se diz com isso tudo, é que o casamento tem certamente seus sacrifícios. Paulo ensina. É preciso amar até o fim. É preciso amar com todas as forças. É preciso não se dar escolha, uma vez que as escolhas já estão feitas e as decisões tomadas. Agora é preciso cumprir.
Eu afirmo que estarei pronto a defender a mulher que Deus me deu, até o último fôlego. Não é romântico, é dramático como a vida. É altamente real. Não é promessa original, é casamento. Nenhum homem pode se gabar de tê-lo inventado. Deus nos uniu. Separar-nos sem ofendê-lo é impossível, a menos que custe minha vida. Numa cruz, se for preciso.

Publicado hoje, mas escrito en janeiro de 2009.

Comentários

Valéria disse…
Um casamento que termina deixa sempre uma dúvida: "Deus uniu realmente?"
Thierry disse…
Wow my reat friend!!

Com esse texto você chegou à essência não só do casamento, mas da vida. Afinal, onde na Bíblia está escrito que fomos criados para sermos felizes? Gostei muito de você ter colocado que "O pensamento trágico não aumenta nem diminue estes riscos". É verdade. Às vezes a gente fica com medo de pensar coisas assim, mas elas simplesmente acontecem com ou sem terem passado pelos nossos pensamentos. Por isso, ao invés de nos preocuparmos com elas podemos simplesmente descansar e confiar que se o Senhor permitir que situações dolorosas venham em nossas vidas ele também nos proverá com consolo e força para as enfrentarmos.

Que Deus abençoe ricamente o casamento de vocês! Que ele seja cheio desse verdadeiro amor que vem do Senhor!!
Mel disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
selmak disse…
Concordo com a palavra de Valéria.
Deus não faz nada pela metade nem mal feito.
O que Ele unir, será pra sempre.
Gostei de seu texto/declaração, Pedro!
Pedro SOUSA disse…
"Deus uniu realmente?"

A questão não convém. A perenidade de um casamento depende de promessas humanas. Não é Deus quem diz "sim" quando a gente casa... Mas Ele está pronto a nos ajudar a cumprir essas promessas.

"Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e anime-te o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas Deus te trará a juízo."

Salomão, S. IXX a.C
Valéria disse…
É verdade Pedro. E um dia responderemos por todas as nossas atitudes. Deus é bom,misericordioso,amoroso,mas, Justo.
Milena Menezes disse…
Glória a Deus pelo seu texto Pedro. é disso que nossas Igrejas Precisam. Precisam trazer à memória aquilo que é verdadeiro que é puro. Fácil é desistir da familia, ouvir a voz do inimigo, e simplesmente pensar em sí, num gesto egoísta aos que se separam, que buscaram seus próprios prazeres e agora sem amor, abandonam tudo, deixam tudo pra trás, como se vidas não fossem sofrer lá pra frente. Lamentável,Jesus ama as familias, as igrejas são formadas de familias, não importa como e porque casamos, importa que os mandamentos devem ser cumpridos.

Deus te abençõe ricamente, você e sua Familia.
Me orgulho muito de ver que ainda nos resta familia fiéis.

Abraços
Selmy Menezes disse…
Osso.
Creio no poder de nossas palavras, e de nossos juramentos...claro. Enfrentar nossos erros é sinal de força, mas imagino que Deus entenda, e perdoe os fracos.
Um beijo...saudade de voçês, queria que vcs me visitassem em Marília.
Juliana Araujo disse…
Gente, que coisa dura, profunda e real! :)

Postagens mais visitadas deste blog

NOVO VISUAL

Paris