Morango, chocolate e solidão

Nunca precisei enfrentar de frente a solidão. Na casa dos pais, sempre tinha minha irmã caçula ou a secretária todas as tardes depois do colégio. Verdade que eu passava horas e horas no quarto lendo, estudando ou escrevendo, mas quando eu queria ver gente, conversar um pouco, tinha sempre alguém por perto. À noite, meus pais estavam lá, pacientes e sorridentes diante da minha tagarelice. Deixei a casa dos pais somente quando casei. E ganhei um companheiro de estudo, de trabalho e de muitas horas por dia. Um verdadeiro privilégio. 
Nesses dias em Nantes, chegar numa casa desconhecida, vazia e silenciosa é um desafio pra mim. A primeira coisa que faço, ainda com a bolsa no ombro, com sede ou vontade de ir no banheiro, é ligar o computador à procura de uma voz conhecida. De preferência the voz. Nos primeiros dias, meu corpo fez greve de fome e vi os dias levando consigo alguns gramas. Era o preço que meu corpo pagava pro tempo passar. 
Mas acredito que a vocação do ser humano é ser feliz. Eu mesma nunca soube ser triste. O meu corpo reagiu e descobriu uma maneira prazerosa de contar os dias. Foi assim que concebi o plano da dose diária de felicidade. 
  O inconveniente é essa tal de digestão. E o meu tubo digestivo continua oco. 

Comentários

Valéria disse…
"Deixei a casa dos meus pais somente quando casei",Ceci, voce é a filha que todo pai quer ter.

Amamos muito vc!!
Pedro SOUSA disse…
A saudade faz ela esbarrar em poesia enquanto anda em sua prosa.
Mel disse…
volta pra chateauroux!!!

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