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Mostrando postagens de junho, 2009

"Deixai vir a mim as criancinhas"

Sempre gostei de criança. Me encanto com seus olhos brilhando ao descobrir o mundo, com suas palavras sem melindres, com a pureza do bebê. Gostaria de um dia poder ver o mundo como uma criança, pela primeira vez, sem entender nada. Algumas vezes nos sentimos um pouco assim, pagando micos por aqui. Mas imagino que como será quando formos pra China. Balbuciar palavras, descobrir novos sons que somos capazes de produzir, aprender a comer, nos educar pra viver em sociedade. Por enquanto, me contento em ver a surpresa em olhos alheios. Desde outubro do ano passado, ainda com o francês manco, comecei a cuidar de Hugo, que na época tinha 10 anos. Sua mãe é psicóloga, muito legal comigo e Pedro e já nos ajudou muito. Hugo é um garotinho ativo, falante, esperto e, algumas vezes, desobediente. Brincamos muito de trotinete, futebol, banco imobiliário e, de vez em quando, xadrez (mas ele não gosta de perder...). Vejam o garoto iniciando seus estudos de piano. Quando o casal amigo da Igreja Jean-An

O nascimento de Pedro

Dia 5 de julho, Pedro completará 26 anos de idade. Segue um texto escrito pela sua avó, Selma Kaiser, sobre seu nascimento. "O garotinho de 5 anos era um baú de perguntas. Há pessoas que têm respostas pra tudo; ele, contudo, tinha perguntas pra tudo! O interessante em tudo isso é que ele não perguntava por perguntar, mas porque queria mesmo saber. A sua entrada neste mundo foi um evento incomparável! Naquela ocasião pude viver uma experiência espiritual e emocional única! Eram duas horas da madrugada quando fui acordada com um leve toque no ombro e um chamado sussurrante; era Jether que me chamava. - Mamãe, venha conhecer o seu netinho que acaba de nascer! O meu coração deu um salto tão grande que me pôs de pé. - O que???! - É, mamãe, preciso de sua ajuda; o que faço com o cordão umbilical? Bem, nem preciso dizer que o salto do coração e aquelas palavras provocaram em mim uma tremedeira tal, que era muito difícil manter-me de pé. -Mas filho! Tive três filhos, mas só

Fluxo

Após mais um período de tranquilidade, eles voltaram. Após o período de hibernação, eles acordaram plenos de energia. Com vigor o suficiente para transpor as muralhas levantadas e derrubar os portões em cadeados. Encadeados eles vêm; unidos são mais fortes. Eles fazem a festa. Eles quebram bonecos de porcelana. Eles reviram baús empoeirados. Eles trocam os quadros de lugar. A agenda é riscada. O bolo queima. Um deles rasgou minha roupa preferida. Outro esqueceu os sapatos ao partir. O mais velho manchou meu sofá de ketchup. Um dos mais queridos não compareceu sem me avisar. E muitos são desconhecidos. Convivi com eles durante uma semana. Na verdade, o faço frequentemente. Admito mesmo que sinto um certo prazer em ver tudo fora do lugar. Colar os pedaços da boneca, ainda que faltando uma peça. Reorganizar o baú lentamente enquanto vejo as relíquias e revejo o passado encerrado nelas. Com os quadros fora do lugar, os vejo como pela primeira vez, me surpreendo e perceb