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Mostrando postagens de janeiro, 2009

Sétimo dia

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E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. Gênesis 2, verso 2 A obra que fizemos não tem muito de divina, e tem tudo de humana. À noite anterior, tínhamos presenciado a briga deselegante do gerente contra uma senhora estrangeira, cujo cartão bancário não tinha funcionado. O gerente esbravejava atrás do balcão que "a senhora não quer entender, e isso é infeliz! Isso é infeliz!" e ele repetia, suando, sua explicação sobre o que se passara. A senhora estava mais calma, mas perguntava tranqüila e irritantemente as mesmas coisas. Quando ela se foi, contrariada, o homem enxugou o suor da testa e disse, à voz audível, mas baixa: - Boa noite. Pagamos em espécie a soma superior ao planejado para aquela noite, e perguntamos se poderíamos guardar as bicicletas conosco, no quarto. Ele perguntou se elas estavam muito sujas, para o que eu respondi que "não mais do que eu". Felizmente, ele não tardou em conc

Sexto dia

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Após uma noite de repouso no simpático jardim daquela casa que nos ofereceu muito mais do que o pedaço de terra que pedimos, partimos na manhã do sexto dia com um novo plano. Instruídos e aconselhados pelo homem que nos acolhera, decidimos percorrer mais 57 km até a cidade de Lons-le-Saunier et pegar um trem em seguida. Dessa maneira evitaríamos o relevo mais duro de todo o percurso, o frio que seria mais intenso e chegaríamos enfim no aquecedor da rua Sous la Lampe ; eu já sonhava com a rua da família Leiber... Revigorados e ansiosos, acordamos antes do sol e esperamos prontos, em pé, olhos fixos no céu, pelos primeiros sinais de luz. Cedinho ainda deixamos para trás aquele homem, desconhecido, que ignora o fato, mas marcou nossa vida. A despedida tinha ocorrido na noite anterior ainda. De Orage O dia estava ensolarado e ter um alvo mais próximo nos animou. Pedalamos com determinação e com o espírito leve. Grande satisfação a cada quilômetro vencido. Chocolate, fotos, entra numa cidad

Quinto dia

O anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra. Salmo 34, verso 7 A noite passou bem. Dava para ouvir o barulho dos carros que passavam na estrada, mas eu só percebi isso pela manhã. Dormi profundamente, muito cedo, e acordei revigorado. Cecília também tinha dormido o bastante. Depois de comer, enrolei os colchonetes isolantes e os sacos-de-dormir enquanto Cecília equipava as bicicletas. A cada noite, nós retirávamos todos as partes elétricas, que não suportariam a umidade da noite. As garrafas d'água vinham também, logicamente, por outra razão: nós precisávamos da água. Então, enquanto eu arrumava uma parte da bagagem, Cecília cuidava disso. Cadeado, lâmpadas traseiras, dianteiras, velocímetro, garrafinhas. Depois, eu comecei a refletir sobre como carregar os sacos de dormir. Nada do que tínhamos pensado até então tinha funcionado perfeitamente. Primeiro, Cecília carregava o dela, eu o meu. Só que o peso nas costas dela doíam em mim, embora ela não reclamasse. Já

Terceiro e quarto dias

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De Orage Acordamos bem cedo e bem motivados. O Sol estava a três horas de nascer. Sob a luz de uma lanterna, fritamos três ovos, e os regamos com azeite. Tomamos leite, e outras coisas. Não me lembro de tudo. Certamente muitas coisas serão perdidas nessa narração. Estou me esforçando para me lembrar dos detalhes. Mas algumas coisas marcantes apagam outras menores, que vão ficando para traz. Até aqui, foram dois dias e duas noites muito intensos. Apesar do progresso pequeno, estávamos dispostos a nos dedicar ao máximo possível naquela manhã. No escuro, não vimos como estava o céu. Não víamos estrelas, mas não sabíamos se o que as cobria eram nuvens altas ou neblina. Oito horas, supomos que haveria luz nos próximos minutos. Nessa época, o Sol nasce às 8h40. Sabemos que o céu começa a clarear uns 20 ou 30 minutos antes disso. Saímos do pasto com o cuidado de deixar a corrente do portão como a encontramos. Nunca mais veríamos nosso anfitrião, mas isso não amolece nossa gratidão. J

Primeiro e segundo dias

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No primeiro dia as coisas não se passaram muito bem. Depois de deixar o pequeno apartamento de 9m2 em direção à França inteira e bela, nos perdemos antes dos 10 primeiros quilômetros. As pernas já pediam férias, e não tínhamos vencido nem 5% do percurso. Mas nossa determinação estava inabalável. Nossos veículos merecem um destaque especial. Cecília pilota Rippley, forte, elegante e imortal. De Orage Eu viajei na N1, uma joia raríssima do tempo da República. Desenho arrojado, versatilidade, e uma herança clara da Coroa de Naboo: a cor. É bela, mas não é o veículo mais apropriado para uma viagem desse tamanho. Ela foi desenhada para pequenas missões de caça, em torno de Naboo, que exigem alto poder de fogo e agilidade. Entretanto, minha unidade é uma das poucas que tinha sido adaptada para escoltar o cruzador real Nubian em missões diplomáticas. De Orage Não sabemos se foi tal adaptação duvidosa, ou simplesmente sua idade, mas ela se mostrou delicada num momento crítico. Tí

Orage 1

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No dia que Cecília se livrou da imobilização, ela perguntou ao médico se podia praticar esporte, e ele respondeu que bicicleta podia. Então resolvemos passear. No primeiro dia, nos perdemos. Mas c'est pas grave... Estávamos em dúvida sobre quem levar conosco, D'Ávila Pompéia ou Maquiavel. Não daria pra levar os dois, porque eles brigam o tempo todo. Dissemos a Maquiavel que se ele deixasse de beber ele iria com a gente. Mas na manhã do dia 20, ele acordou dobrado... Então quem veio foi D'Ávila Pompéia fortão, pendurado na mochila de Cecília. Almoçamos meio perdidos, perto de um cemitério. Reencontramos o caminho depois de conversar um pouco com um português bem simpático. Ele nos deu água e algumas palavras em português. À tarde, encontramos uma mesa no meio do nada, na beira da estrada. paramos para descançar. Depois do campo que se vê nas fotos, passava uma linha de trem. Quando o trem passou, demos xauzinho. :P Quando o Sol