Aplauso é pecado?!

Fiquei muito feliz quando meu querido tio, Julião Kaiser, me escreveu sobre o blogue. Entre outras coisas, ele discorre sobre o tema "aplausos no culto":

"A Bíblia nos incita a expressarmos corporalmente em inúmeras passagens, como forma de adorar, louvar e glorificar ao nosso Deus. ("...tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças" Ex.15:20; "Louvem o seu nome com danças,... Sl.149:3; "BATEI palmas, todos os povos; aclamai a Deus com voz de triunfo." Sl. 47:1)..."

De fato, a Bíblia não diz que Deus não gosta de aplauso. Ele deve ser louvado de todas as maneiras possíveis. Acredito que este tópico não trata do coração de Deus, mas de tradições.

A Igreja Batista da Capunga tem algumas tradições que foram iniciadas pelo primeiro grande plantador de igrejas, Paulo de Tarsus:

"(...) tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e piedade."
Hebreus, 12:28

Nossa tradição é a de um culto solene, que se distancia dos padrões comerciais e vendáveis do mundo. Um culto reverente, que reflete o espírito de respeito e introspecção do crente que se achega, humildemente, ao trono de glória de Deus, para oferecer a própria vida.

Na postagem "Tio Julião em Recife", falei da possibilidade de um caro visitante ter desencadeado os aplausos, e falei também de um fenômeno, bastante conhecido nosso, que têm transformado cultos em shows.

Minha preocupação não está apenas na preservação inócua de tradições antigas. A Bíblia deixa claro que Deus quer distinção entre seus filhos e a parte do mundo que não se voltou para Ele ainda:

"Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens." Mateus 5:13

Está claro que Deus quer contraste entre sua Igreja e tudo que estiver fora dela. É preciso que sejamos diferentes. Preservar tradições, num país que tem a tradição de desrespeitar e abandonar tradições, é uma maneira bastante eficaz.

Aplaudir é exatamente o que o mundo faz diante de ídolos da música secular. Se nós cultivarmos a mesma atitude diante de irmãos que cantam melhor que nós, onde está o nosso coração, no louvor que agrada a Deus ou na música que nos agrada?

Irmãos que cantam melhor que nós não necessariamente louvam melhor que nós. Não é esse o poder que o talento musical lhes dá. O poder que o talento musical lhes dá é o de guiar o restante da congregação a uma atitude de louvor. A uma atitude introspectiva de louvor. Eu não me lembro de uma única vez que eu tenha prestado a Deus um culto em espírito e em verdade sem imergir numa atitude introspectiva e reflexiva de adoração. A atitude de adoração sincera não combina com as mesmas palmas que aclamam o pecado. Na nossa cultura, palmas não combinam com essa atitude, porque combinam com o espetáculo da cultura ocidental, descendente greco-latina, ávida por festa e novidade. Falo da cultura do circo, desde a "morte show" no Coliseu Romano até a morte banal de hollywood.

Nós somos diferentes. Nós olhamos para dentro, para o coração marcado das cicatrizes do nosso pecado, para lembrarmos de como Jesus o curou, e para oferecê-lo, em sacrifício vivo, no altar. Se o altar estiver repleto de artistas, e nosso olhos fitarem os deles, e nossas mãos os aclamarem em aplausos, a quem estaremos louvando?

Palmas não são pecados. Claro que não. Nem vinho, nem danças, nem música secular. Pecado é deixar de louvar a Deus para louvar qualquer outra coisa.

Eu acredito que isso tudo, dança, música, literatura, pintura, é o que há de mais rico no mundo. Isso, para mim, é a verdadeira riqueza: a arte. Sobre riqueza, disse Billy Graham:

"There is nothing wrong with men possessing riches. The wrong comes when riches possess men."

Graham se referia, possivelmente, a dinheiro. Mas riqueza, como sabemos, vai muito além disso. O dom da música é uma riqueza. Eu diria que muito maior que qualquer quantia de dinheiro.

Se eu possuo música, seja uma fazenda com mil cabeças de gado ou um pequeno terreno com uma cabra, que eu nunca me deixe possuir por ela, para que pelo menos o dízimo dela seja entregue no altar do Senhor. E que quem estiver presente, rico ou pobre, louve comigo.

Amém.

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